(…) As imagens, fazem-nos penetrar em
nós próprios, reencontrar fantasmas, ilusões, repensar a essência do nosso ego.
(…) Estamos perante uma arte imemorial,
testemunho de um eu, de um questionamento interior. A sua obra, emana um grande
fascínio que nos faz sentir estar perante um exemplo de autenticidade rica e
intemporal.
(…) A sua obra está dentro do
surrealismo português na linha dos grandes mestres.
(…) A pintura de Hélio Cunha, propõe,
nas suas componentes genéricas, o encontro do Mediterrâneo com o Atlântico, de
Eros com Tanato, na relação conflitual do apolíneo com o dionisíaco.
(…) A história implícita em cada um dos
seus quadros é-nos também contada pelo jogo das cores, tal como em Ravel, por
exemplo, são os timbres que se acumulam e entrechocam ao longo da partitura,
para nos contarem uma história chamada Bolero.
Estamos perante um notável artista,
e contador de histórias, cujo melhor conhecimento a todos enriquecerá.
(…) É tão excessiva a força das
imagens, que por vezes se aniquilam entre si. Esta forma de lucidez leva à
desesperança e à revolta; caminhamos para a tensa linha do horizonte, sempre em
fuga. Há que tomar em conta esta obra obsessiva, como há que tomar em conta a
sua perfeita execução técnica.
(…) Hélio Cunha recorre ao surrealismo
simbólico para nos transmitir, em plenitude, a força e a determinação da sua
autenticidade.
(…) O Hélio tem a vertente de abarcar
os poetas e os símbolos da grande clausura até ao infinito.
(…) Viajar pelas suas obras é imergir num universo fabuloso de paisagens despojadas e doridas onde nos desamparamos sem referências. Nelas, os elementos, as formas, as inquietações não têm fronteiras; tudo se mistura e dilata.
A alquimia que Hélio Cunha faz com os
traços, as densidades, os planos, as perspetivas, os vultos, os vazios, os
mistérios, cumplicia-se em nós universalizando-se, universalizando-nos.
(…) Paraísos do fantástico e da magia. Eis a pintura de Hélio Cunha,
forjador de sonhos e libertador de fantasias.
(…) Estas pinturas, que são um festim
para os olhos, Lembram-nos Aristóteles nos seus tratados, que formam uma enciclopédia,
e Hélio Cunha na sua força e na sua forma, desenvolve nos quadros pedaços de
uma nova enciclopédia e, em certos aspetos, uma novíssima antologia.
(...) Hélio Cunha tem também a seu favor a cor, energia cromática que reitera
o seu mundo enquanto esfera, onde o antigo combina com o futuro, com valores do
imaginário, com o visível e o que podemos vir a captar.
(...) O Hélio sonha e consegue concretizar o seu sonho numa pintura surreal.
(...) Cada pintura do artista é uma história,
cuja intensidade do relato é marcada através da aplicação de diferentes tons.
(...) Em algumas das suas obras vê-se o comprazimento face aos elementos naturais, a Terra e o Ar. Já o Fogo parece dissimular-se em raios de luz que refletem uma nem sempre quieta linha de Água.
(…) A arte viva é o código dos códigos,
é ela que os funda e as suas obras resistem mais do que eles. É consolador
penetrar no processo mágico, passar, não apenas a sonhar, mas a fazer sonhar.
Para Hélio Cunha a aventura poética é
total, ou não existe.
(…) Quando qualquer obra de arte revela
originalidade e talento é digna de nota e admiração e, está neste caso, a
pintura de Hélio Cunha.